A Inveja e a Maçã! – Tatá Vianna

“Generosidade verdadeira é fazer algo de bom para alguém que jamais ficará sabendo.”
(Frank A Clark).
Há muito tempo, num reino distante, vivia um rei, uma rainha e sua filhinha, a princesa Branca de Neve. Sua pele era como o seu nome sugeria (“branca como a neve”), os lábios vermelhos como o sangue e os cabelos pretos como o ébano.
Um dia, a rainha ficou muito doente e morreu. O rei, sentindo-se muito sozinho, casou-se novamente. A nova rainha, a madrasta da princesa, era extremamente vaidosa e não aceitava a perda de sua beleza com o envelhecimento. Controlava sua posição de “mulher mais bela sobre a terra” através do seu “espelho, espelho meu”…
No conto de fadas, Branca de neve é um símbolo de simpatia, bondade e pureza. É o modelo de generosidade, que todos nós aprendemos na infância. A moça permanece sendo gentil e preocupada com todos apesar das situações que enfrenta pelas ações perversas da madrasta.
O contraste é a inveja absoluta da rainha que não descansa até condenar a princesa à morte por ser mais bela, quando começa a se recusar a perda do posto de “número um” em beleza do reino – “Uma madrasta que inveja desesperadamente a filha que vira mulher enquanto ela envelhece”.
O desenrolar desta história todo mundo conhece: o caçador, os sete anões, a maçã, o desfalecimento da princesa, o beijo do príncipe e, claro, o “felizes para sempre”.
O que importa aqui é o contraste claro entre a generosidade absoluta da princesa e o sentimento extremo de inveja da rainha. Apesar de todos nós termos convivido com esse conto de fadas na infância, muitas vezes pendemos mais para as atitudes praticadas pela bruxa do que pela Branca de Neve. Afinal, ambas nos representam em toda a nossa humanidade, em toda nossa oscilação.
A inveja pode ser considerada um dos piores males da civilização. É basicamente consequência da ausência de autoconhecimento, que nos faz desenvolver a capacidade de amar.
Ela é considerada pecado porque uma pessoa invejosa ignora suas próprias bênçãos e prioriza o status de outra pessoa no lugar do seu próprio crescimento pessoal. É o desejo exagerado por posses, status, habilidades e tudo o que a outra pessoa tem ou consegue.
A inveja é capaz de nos fazer perder o autocontrole e cometer várias injustiças, podendo nos tornar obcecados em prejudicar o próximo para conquistarmos o objetivo cobiçado. O que a inveja não pode possuir, ela destrói – o vandalismo é um bom exemplo disso.
Ela é o pecado capital que as pessoas menos gostam de falar, pois gera desconforto, reflete uma falha humana que nos incomoda. E isso acontece, porque a inveja envolve basicamente duas pessoas, e inveja-se o que a outra pessoa possui, suas conquistas, qualidades pessoais, características ou capacidades.
Na caridade, ponto máximo da generosidade, é onde podemos encontrar o antídoto contra a inveja, pois ela combate diretamente seus efeitos, como o medo, a insegurança, o sentimento de inferioridade, a baixa autoestima, a solidão e ausência de amor próprio e aos outros.
Na Bíblia, São Paulo afirma que “a caridade é paciente, a caridade é bondosa. Não tem inveja. A caridade não é orgulhosa. Não é arrogante. Nem escandalosa. Não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se rejubila com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”. (1 Cor 13, 4-8).
Precisamos de mais generosidade. Quem nunca sofreu na pele os efeitos de ser objeto de inveja por algum motivo?
A inveja é um mal que afeta as pessoas desde sempre, ela destrói a confiança entre as pessoas e é preciso ficar atento, pois ela sinaliza o quanto estamos precisando trabalhar o nosso amor próprio e autoestima.
Talvez a primeira manifestação da inveja aconteça na relação entre irmãos, mais frequentemente na infância, aonde a inveja vem atrelada ao ciúme: disputam o amor dos pais e desejam ser “o predileto” – o que gera uma inevitável rivalidade entre eles.
Já na fase adulta, podemos encontrar a inveja em outras situações, como nas relações amorosas, de amizade e no trabalho. E isso acontece por várias razões.
A inveja pode ser um desdobramento frustrante da admiração – a pessoa se compara e considera o outro mais inteligente e admirável e é aí que mora o perigo em todos os tipos de relacionamento!
Se prestarmos atenção, o amor também provém da admiração e se as pessoas envolvidas sentimentalmente não forem cautelosas conviverão com os dois sentimentos ao mesmo tempo, o que pode acarretar no fim do relacionamento. Um exemplo é quando um dos envolvidos está sempre comparando o seu relacionamento com o de outra pessoa e, algumas vezes, as comparações são feitas de forma indelicada com parceiro: “você não serve para nada! Não vê fulano? Isso sim que é um bom namorado, bom marido…”
Voltando ao exemplo da Branca de Neve, sempre podemos cair na armadilha de recorrer ao “espelho”, clamando para ter o parceiro mais lindo, exclusivo e que nos ama acima de tudo – “para sempre” e de verdade.
Nas relações de amizade, podemos detectar a inveja de várias maneiras: quando o seu amigo(a) tem um emprego melhor que o seu, ganha mais que você, tem um carro melhor que o seu, é mais atraente e por isso, chama mais a atenção do sexo oposto que você, entre outros.
Já no ambiente de trabalho, podemos destacar dois tipos de invejosos – aquele que coíbe o sentimento, não o deixando transparecer, mas na verdade, sente raiva do colega, por julgá-lo mais competente ou por achar que ele tem mais destaque. Acaba se fazendo de amigo na maioria das vezes, só esperando o momento certo para puxar o seu tapete. E tem o exemplo daquele que, sem motivo aparente, simplesmente não gosta de você e escancara isso para todos em alto e bom som. Trata-se do tipo de pessoa que não perde a oportunidade de te difamar quando alguém te elogia e tenta influenciar os outros a desenvolver por você a mesma antipatia que ele sente, mesmo que não haja qualquer justificativa.
A inveja, na maioria das vezes, aparece em função do sucesso do outro. E esse sucesso não está necessariamente atrelado à riqueza, inteligência, fama ou beleza, pois para o invejoso, o simples fato de o outro estar satisfeito com a sua vida (pessoal e profissional), já é uma razão para ser destruída.
O invejoso tem medo, não aposta em si mesmo e nem aposta na vida e tampouco no amor.
Reconhecer o sentimento de inveja dentro de nós pode ser desconfortável e até mesmo angustiante. Porém, a melhor forma de anulá-lo é refletir sobre ele para a partir daí, utilizá-lo a nosso favor. E é aí que entra o ato da caridade, pois através dela, aprendemos a nos alegrar com o sucesso do outro, a ter relacionamentos sinceros com o próximo, a sermos benignos uns com os outros e a doar algo de nós para o outro, como carinho, amor, tempo e atenção. A caridade, quando praticada, aprimora o coração.
Então eu te pergunto, querido leitor: Como você tem lidado com a inveja e a generosidade na sua vida? Está pendendo mais para a bruxa ou para a Branca de Neve?
Lembre-se que na história, a nossa heroína sofreu e chegou a ficar entre a vida e a morte – mas conseguiu viver “feliz para sempre” junto do seu príncipe encantado!
Alice Nunes
2 de abril de 2016 em 19:28Opa
Admirei muito este blog.
Por mais sites idem a este!
Lice Nunes no Intelimax
odespertador
5 de abril de 2016 em 12:09Alice, ficamos muito contentes com o seu comentário! Ele nos estimula a seguir adiante!! Continue nos acompanhando e dando o seu feedback pois ele é muito importante para nós! Ah, e compartilhe com outras pessoas sempre que achar pertinente! Um grande abraço Tatá Vianna