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13 de abril de 2016

Ai, que preguiça! – Tatá Vianna

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“É enganoso crer que não há mais do que violentas paixões, como a ambição e o amor, que possam triunfar sobre as outras. A preguiça, toda languida como ela é, não deixa de ser frequentemente a senhora; ela usurpa sobre todos os desejos, sobre todas as ações da vida; ela destrói e consome insensivelmente as paixões e as virtudes.”

                                                                                           (la ROCHEFOUCAULD)

 

Você já parou para pensar em como a vida seria mais fácil se seguíssemos todos os dias o ritual:

Agir, fazer e realizar.

Tomar a iniciativa, praticar a ação e obter resultados.

Depois disso tudo, finalmente usufruir do direito sagrado do descanso.

Mas será que conseguimos seguir a risca esse “roteirinho” perfeito?

Quantas vezes queremos descansar sem antes ter praticado o esforço?

Não agimos, não fazemos e não realizamos, e deixamos a vida para depois, ou talvez para nunca mais!

Estou falando da preguiça, a forma mais popular de uma pessoa se boicotar, colhendo para si a frustração e desmotivação.

Talvez as características básicas da preguiça sejam o desinteresse de aprender, de evoluir, de se tornar uma pessoa melhor. O boicote pessoal trazido por esse movimento limitador de ideias e ações pode afetar a saúde física e principalmente mental.

Encarar a parte que lhe cabe da vida, “na alegria e na tristeza”, é o desafio a ser enfrentado. Não deixar a vida para depois.

Pensando no nosso cotidiano, somos bombardeados constantemente por esses dilemas.

Ir à academia hoje ou amanhã? Ou, quem sabe, só na próxima semana?

Começar a dieta hoje ou segunda que vem?

Sair com meus amigos ou ficar em casa assistindo tv?

Terminar esse trabalho hoje ou deixar para amanhã?

Quem nunca se deparou com algumas dessas situações, onde a preguiça tenta tomar conta de você e parece assumir voz ativa na resposta a estas perguntas?

É preciso ficar atento, pois a preguiça pode ter consequências sérias na sua vida e até mesmo responder muitas destas perguntas por você!

A falta de capricho, empenho, excesso de negligência, desleixo, morosidade, lentidão e moleza são todos frutos da preguiça. Suas causas podem ser orgânicas ou psíquicas, e ambas levam à inatividade acentuada. E as suas consequências podem ser a aversão ao trabalho, estímulo ao ócio e à vadiagem – grandes obstáculos para a nossa vida!

Não à toa, este tema me recorda de uma fábula muito famosa, que dizia:

“Era uma vez uma cigarra que vivia saltitando e cantando pelo bosque, sem se preocupar com o futuro. Esbarrando numa formiga, que carregava uma folha pesada, perguntou por que a formiga trabalhava tanto, sendo o verão época para aproveitar e se divertir. Então a formiga explicava que era preciso trabalhar no verão, para garantir comida para o inverno.

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Quando chega o inverno a cigarra fica desesperada por não ter se precavido e a formiga se encontra totalmente abastecida para enfrentar as dificuldades e deixa, sem pena ou remorso, a cigarra sem nenhuma proteção, sujeita as dificuldades do rigoroso inverno.”

Pobre cigarra! Não existe uma segunda chance para ela!

A moral da Fábula é muito clara: trabalhe incansavelmente no presente para prover seu futuro, pois as atuais condições de sua vida podem mudar totalmente e você precisa se preparar – especialmente se isto já é de seu conhecimento.

É bem verdade que o uso das estações do ano como o elemento de transição na Fábula perde um pouco de força aqui nos trópicos, onde há pouca diferença de temperatura entre verão e inverno, mas podemos compreender claramente o seu significado, que é o de poupar hoje para se prevenir das necessidades do futuro.

Acredito que nesse momento você deve estar se perguntando: depois dessa reflexão toda, como posso perceber a preguiça querendo se manifestar no meu dia-a-dia? Será que ela é tão óbvia assim ou ela pode me pegar de surpresa?

A preguiça pode surgir através da indolência – onde a pessoa não sente vontade de fazer o que ela precisa como ir trabalhar, estudar, se exercitar, seguir uma dieta para melhorar a saúde; acreditar que nada vai dar certo – porque acha que não tem capacidade suficiente para se esforçar e para se superar.

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A outra face é a famosa “preguiça de pensar”, quando a pessoa deseja fugir de um problema pessoal, e assim mergulha de cabeça no trabalho, mas de uma forma mecânica, sem pensar no que está realizando, age como se fosse um robô programado. Opta pelo excesso para se esconder da realidade. Ou ainda “empurrar com a barriga” suas tarefas, deixando para depois o que poderia realizar agora – assim como fez a nossa amiga cigarra, ao observar a formiga na sua labuta. Outro nome para esse comportamento é a hoje tão falada procrastinação.

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Não se esquecendo do lado romântico da vida, devemos lembrar que as relações amorosas exigem um grande investimento de energia positiva, mas, algumas vezes, nos sentimos com certa preguiça e podemos acabar com um relacionamento falido e com brigas desnecessárias.

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Na saúde, a preguiça pode contribuir para um ganho de peso às vezes excessivo, piorando a autoestima e em casos extremos, ocasionar problemas graves para a saúde como a diabetes, hipertensão, entre outros.

Às vezes, a preguiça é vista como um pecado improvável, pois para muitos é aceitável senti-la e então surge a dúvida: Será que a preguiça pode ser tão perigosa?

Eu acredito que sim, pois ela pode impedir que as pessoas se realizem no trabalho, no amor, na comunidade em que vivem, ou até deixem de mudar algo na sua vida, bloqueando seu progresso pessoal ou até mesmo prejudicando sua felicidade. E existe algo mais importante que a sua felicidade?

Na Bíblia encontramos uma analogia em relação à preguiça em Provérbios 6:6-11 “Observe a formiga, preguiçoso, reflita nos caminhos dela e seja sábio! Ela não tem chefe, nem supervisor, nem governante, e ainda assim armazena as suas provisões no verão e na época da colheita ajunta o seu alimento. Até quando você vai ficar deitado, preguiçoso? Quando se levantará de seu sono? Tirando uma soneca, cochilando um pouco, cruzando um pouco os braços para descansar, a sua pobreza o surpreenderá como um assaltante, e a sua necessidade lhe sobreviverá como um amado.”

Mas como vencer a preguiça que nos acompanha no dia a dia?

Através da virtude da diligência, pois ela ergue uma montanha onde a preguiça cava um abismo.

Diligência é a virtude humana de seguir e atingir um objetivo na vida de forma cuidadosa e atenta, esforçando-se na aplicação dos meios para fazer acontecer o que urge ser feito e da melhor forma possível.

É uma palavra que vem do verbo latino diligere, que significa amar.

A pessoa diligente normalmente age com amor e prontidão, procurando sempre o bem e predispondo-se a atingi-lo. Ela faz o que precisa ser feito, não perde tempo, não se acomoda, não segue pelo caminho “mais fácil”. Não arranja desculpas e tenta realizar tudo que se propõe a fazer da melhor maneira possível.

Se prestarmos atenção, muitos dos nossos problemas surgem porque em algum momento fomos preguiçosos, por isso, devemos buscar a diligência em tudo que fazemos.

Eu sei que você deve ter pensado agora: escrever tudo isso é fácil, quero ver colocar em prática! E eu concordo com você, pois se tem um pecado que eu luto todos os dias contra é o da preguiça, principalmente na hora de acordar, fazer exercícios e seguir a dieta recomendada.

E quer saber o que eu fiz para combater essa preguiça toda?

Mudei alguns hábitos diários, como por exemplo: passei a meditar antes de dormir, assim eu durmo mais tranquila e acordo disposta; voltei para a academia e agora faço parte do grupos de dança, yôga, pilates e fast circuito (eles me motivam e não me deixam faltar às aulas por preguiça) e com relação à dieta, resolvi me inspirar na minha irmã e adaptar o que eu gosto de comer nos horários e porções certas, é claro que com acompanhamento da nutricionista!

Diligência, virtude que todos nós temos, mas poucos se predispõem a aperfeiçoa-la!

Então, eu te pergunto querido leitor: Como você tem trabalhado a sua preguiça ultimamente? Você está pendendo mais para o lado da formiga que não precisa da supervisão do chefe para trabalhar ou anda treinando seu canto como a cigarra?

Quando se pegar agindo como a nossa amiga cantora, lembre-se que este pecado, embora aparentemente inofensivo, pode, aos poucos, matar a sua alma e impedir que você ofereça os seus melhores dons e talentos para quem mais possa estar precisando!

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