Sobre o fortalecimento da neutralidade
Em determinado estágio da jornada espiritual, a personalidade humana se cansa de ser jogada de um lado para o outro, como se estivesse em uma centrífuga emocional.
Esta desorientação, decorrente de uma excessiva identificação com idéias, preconceitos, julgamentos e formas torna-se desgastante e, embora o ser tenha plena consciência de seus equívocos e limitações, a sensação de não haver saída torna-se preponderante.
Este é um estágio que requer cuidado pois, por mais que o caos reine na consciência, é preciso ter fé no processo e considerá-lo como uma fase necessária de transição, até que se estabeleça uma nova ordem – mais íntegra e verdadeira.
É possível entender essa fase como a substituição de um pilar gasto e moribundo por outro mais robusto – ou ainda, como se Deus, na figura de um pai amoroso e ciente dos nossos potenciais adormecidos, retirasse as rodinhas de nossa bicicleta, por compreender que já não precisamos mais delas.
Nestes tempos de turbulência exterior, estamos sendo convidados a observar a ordem e o caos com a mesma neutralidade, confiantes de que não se tratam de um jogo sadomasoquista do cosmos, mas de pólos opostos imprescindíveis para o nosso processo evolutivo.
Em meio à ordem, exercitemos a vigilância para não se acomodar, sempre atentos às oportunidades de melhoria; em meio ao caos, exercitemos a fé, a paciência, a humildade e a resignação.
E em ambos, que jamais esqueçamos de honrar e agradecer à força que nos sustenta, ampara e ensina, e da qual emana toda a essência e a neutralidade do Amor.
