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22 de fevereiro de 2022

Sobre a religião “humana”

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Nossa sociedade vem se tornando especialista em tornar “novas” todas as coisas.

Procura renomear tudo, inverter tudo, relativizar tudo.

Estaria a solução de todos os nossos problemas nesta galopante revolução linguística ou na própria evolução tecnológica que vemos em nossos dias?

Ou estaria o ser humano sujeito a mais um engodo? Sujeito a mais uma tentativa de enganar a si mesmo, olhando apenas para a superfície das coisas?

Podemos não nos recordar disso, mas há muitos e muitos anos – milênios, na verdade – fomos submetidos a um “aplique” muito parecido.

Retornando ao Éden, uma voz suave e doce nos prometeu um “novo” tipo de liberdade, um novo tipo de “emancipação“.

“Novos” porque tinham como elementos a autossuficiência e o orgulho, elementos até então desconhecidos pela consciência humana.

Ao morder a maçã, selamos o acordo.

Mas, infelizmente, sem ler direito o contrato e suas implicações!

A partir daquele segundo, assumimos o “Eu” como ferramenta definitiva para a solução dos nossos próprios dramas,

como regente absoluto da vida.

Ali fundamos uma nova “religião”, uma nova conduta, uma nova forma de existir.

Limitada ao jugo dos cinco sentidos, à miopia de uma visão exclusivamente materialista da vida.

Na religião “humana”, o que vale é o conforto, o bem-estar, sentir-se bem consigo mesmo.

O ser humano como centro, o senhor absoluto de si mesmo e que deve encontrar seus próprios caminhos para “felicidade”

(palavrinha que, diga-se de passagem, temos uma enorme dificuldade para definir!)

Na religião “humana”, uma indiscriminada prestação de cultos ao intelecto e ao espelho.

Para que antigos mandamentos se podemos criar as nossas próprias leis, ideologias, sistemas?

Para que milagres se temos hoje a tão “objetiva” Ciência?

Para que desenvolver virtudes na calada da noite, sob o risco de vaias e gargalhadas, quando se pode caminhar muito bem com todo tipo de miséria, perversão e mentiras, bem à luz do dia, sob o “risco” de fortes aplausos, “likes” e compartilhamentos?

Na religião “humana”, não há sentido algum na dor e no sacrifício.

Qualquer fé que não seja em si mesmo é um devaneio.

As energias capitais são dignas de convivência.

São como bons vizinhos que batem à nossa porta e trazem o prato principal e a sobremesa

verdadeiros combustíveis para seguirmos com a nossa “profissão de fé” em nós mesmos.

Para onde nos levará a tal religião “humana”?

Depois de tantos séculos de tentativas para removê-Lo da equação, será que ainda teremos a ousadia de dizer:

“Só DEUS é quem sabe”!?

(Daniel Vianna Hunziker)

 

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